Justiça anula falência da Busscar
Leilão de sexta é incerto
Larissa Guerra – A NOTÍCIA
Um ano e dois meses após ter sua falência decretada, o Grupo Busscar
conseguiu uma reviravolta no Tribunal de Justiça de Santa Catarina na
tarde desta terça-feira e anulou a assembleia de credores que culminou
com a demissão de 400 trabalhadores, dívidas de mais de R$ 1,6 bilhão e o
fechamento da fabricante de carrocerias de ônibus.
Conforme o TJ, uma nova assembleia de credores será realizada. O
administrador judicial Rainoldo Uessler ficará responsável pela gestão
da companhia até que ocorra a nova votação. Nesta quarta, Rainoldo e o
juiz responsável pelo caso, Marco Antônio Ghisi Machado, devem se
encontrar para definir um cronograma e quais serão os próximos passos a
serem tomados em relação ao processo.
– Por enquanto, tudo continua como está. Somente após uma nova
assembleia é que saberemos se a empresa voltará a produzir ou se terá,
novamente, sua falência decretada. Tudo vai depender da decisão dos
credores – argumenta Rainoldo.
O advogado do Grupo Busscar, Euclides Ribeiro S. Júnior, disse que só
poderá falar com a reportagem do “A Notícia” sobre o assunto na próxima
semana. Apesar de terem revertido a decisão no TJ, os diretores e
sócios-proprietários do grupo, Claudio e Fábio Nielson, estão afastados
de seus cargos e não poderão voltar à administração até, pelo menos, a
realização da assembleia.
Mais demora
Para o presidente do Sindicato dos Mecânicos, Evangelista dos Santos,
a decisão do TJ precisa ser analisada com cautela. Ele diz estar
preocupado com o futuro dos trabalhadores da empresa, que continuam à
espera de salários e benefícios atrasados.
– Não sou favorável nem contra a decisão dos juízes, mas me pergunto
como fica a situação dos funcionários. O processo de falência estava até
correndo rapidamente, podíamos ter uma esperança de que logo os
trabalhadores recebessem o que é deles por direito. Agora, com a
mudança, minha preocupação é que o processo se arraste e não tenhamos
nenhuma ideia de quando a dívida será paga – diz Evangelista.
O sindicalista deve se reunir nesta quarta com advogados da entidade
para discutir o assunto e avaliar a possibilidade de recurso em
Brasília.
Leilão previsto para sexta-feira é incerto
Enquanto o pleno do Tribunal de Justiça decidia anular a falência da
Busscar, a leiloeira Tatiane S. Duarte e o juiz Marco Antônio Ghisi
Machado se reuniam para acertar os detalhes do leilão de máquinas e
equipamentos previsto para sexta-feira. A previsão era de que nesta
quarta haveria uma nova reunião para definir o cronograma da venda de
outros ativos da empresa, como o da Tecnofibras, que estava marcado para
19 de dezembro, e o do próprio parque fabril da fabricante de
carrocerias de ônibus, que seria realizado ainda no primeiro semestre de
2014.
Com a decisão na esfera estadual, os leilões também estão suspensos,
mas Tatiane permanece como leiloeira do grupo, caso uma nova falência
seja decretada.
Larissa Guerra é repórter do Jornal “A Notícia”
Blog Ponto de Ônibus
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