Avançamos!
Nosso transporte avançou! Isto é um fato consumado. Ainda que tenhamos
entraves banais em partes do nosso sistema, já discutimos um sistema
integrado metropolitano. Vivemos hoje em um Estado inchado, os
municípios próximos as capitais invadindo-se uns aos outros e, no caso
do Rio Grande do Norte, uma dificuldade de tráfego imensa entre eles. A
situação irá mudar. O ajuste, ainda que para a copa do mundo em 2014, é
prometido, esperado e necessário.
Mas
nosso transporte rodoviário ainda sobrevive precariamente. Temo que os
holofotes voltem-se para o grandioso ajuste da região metropolitana e a
atenção para o falido sistema rodoviário seja deixada de lado, auxiliado
pela conclusão da grande reforma na rodoviária de Natal e pela
prometida licitação rodoviária do governo. Mas eu critico totalmente a
ideia da licitação. Acho até um paradoxo o fato de uma licitação – que
viria ajustar o sistema – não conseguisse ajustar. Mas o pior é que não
dará! O ajuste que tem acontecer atualmente, e não é de nem uma empresa
de ônibus, e sim do nosso órgão gestor, o DER – Departamento de Estradas
e Rodagens. O projeto da licitação é para o próximo ano – 2013 –, mas
desde já se fala nisso. A principal questão é, justamente, como um
estado tão desestruturado terá condições de propor a boa operação do
transporte. As falhas são inefáveis; Desde a falta de fiscalização até a
má conservação do sistema atual; coisas que só quem vive aqui e depende
do transporte rodoviário sabe do que eu estou falando.
É
totalmente válido considerar que até mesmo os clandestinos buscam uma
oficialização e não tem. O governo nem se quer fala no assunto. É
lamentável, mas também é um fato: o governo quer jogar a sujeira para de
baixo do tapete e busca copilar grupos de transporte de fora, colocando
em seu cardápio linhas nobres como pratos principais, mas feitas em uma
cozinha que representam um sistema podre. As novas empresas,
interessadíssimas pelo cardápio ‘RN’, prometeriam e cumpririam sim a
promessa de centenas de ônibus novos. Passariam 10 anos – 20, talvez – e
o sistema sobrecarregaria outra crise. O estado, em um ato heróico,
realizaria outra licitação. E assim como a claque a serviço do governo,
eu espero estar vivo para republicar este texto e fazer novas críticas
ao notório modo errôneo de agir do governo, que optou trocar as telhas
(empresas) ao invés de ajustar as paredes (Órgão gestor). Ora, são as
paredes que sustentam! Ainda que as telhas precisem de ajustes, a
manutenção das paredes é essencial.
Se
for para sermos irônicos – tão quanto uma proposta dessas de licitação –
vamos imaginar um edital que já deverá conter: “É atribuída clara e
generalizada defesa aos opcionais e concorrência desleal com os
clandestinos, respaldados pela falta de fiscalização do órgão
(des)gestor”. E que não me venham grandes empresas, grandes grupos de
outros estados querendo reinar aqui no Rio Grande do Norte e depois
dizer que não sabiam que a situação era tão boa assim! Transportar
idosos e estudantes é a melhor coisa que há na face da terra para uma
empresa de ônibus, ainda mais sem subsídio algum do governo!
Deixando
a ironia de lado, devemos ter a clareza que um sistema de transportes
melhor não se faz só com novos ônibus. Novos ônibus por novos ônibus, as
atuais empresas fazem suas renovações (ainda que com poucos carros) e –
principalmente – fizeram! Até o final da década de 90, as empresas
rodoviárias do estado tinham ônibus de luxo que eram verdadeiros aviões.
Todas as linhas eram extremamente bem atendidas e as empresas bem
estruturadas. O serviço decaiu de uma hora para a outra devido à
incompetência do DER. Verdade seja dita, atualmente até mesmo os
opcionais tem melhor estruturado seus veículos. Eles também são vítimas.
Aliás, todos nós somos; Vítimas de um órgão gestor claramente falido
que notoriamente não quer (ou não consegue) reconhecer as próprias
falhas e busca cobrir o sol com peneira. O necessário é o DER se
organizar. Ter postura de órgão gestor de transporte e atuar como tal;
Planejando, fiscalizando, atuando! Até lá, licitação rodoviária é
‘conversa pra boi dormir!’
Thiago Martins
Fonte: UNIBUS RN
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