segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Procura por viagens de ônibus cresce em meio à crise

Quem nunca pensou em, pelo menos uma vez na vida, viajar de avião? No início dos anos 2000, o sonho virou realidade para muitos brasileiros, principalmente após a chegada de algumas companhias aéreas que apostaram em serviços diferenciados e na queda no preço das passagens para atrair mais gente.

O menor tempo de deslocamento aliado a economia fez com que muitos deixassem de lado as viagens de ônibus, algumas até desgastantes, a depender da distância.

Mas, 15 anos após desse “boom”, a realidade parece estar sendo modificada. Com a crise financeira pela qual o país atravessa, esses mesmos brasileiros preferiram deixar o sonho de lado e estão correndo para os guichês das rodoviárias em busca de passagens de ônibus mais em conta, já que as de avião aumentaram 23,13% no mês de setembro, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).


Além dessa variação, o que muitos têm levado em consideração na hora de viajar é a proximidade com a data do embarque. Enquanto as passagens aéreas têm seu valor modificado à medida que o dia da viagem se aproxima, as passagens de ônibus não têm esse problema, já que elas seguem reajustes determinados pela Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT).

Para se ter uma idéia da diferença de valores, a pessoa que pretende aproveitar o feriado prolongado do Dia de Finados, saindo de Salvador, na próxima sexta-feira, dia 30, e viajar para o Rio de Janeiro vai pagar, em uma passagem de ida de ônibus, quase R$ 310. Se resolver fazer a mesma viagem, mas de avião, vai ter que desembolsar R$ 738, uma diferença de aproximadamente 138%.

A mesma situação foi percebida em pesquisas feitas para outras cidades fora da Bahia como São Paulo, Brasília e Belo Horizonte. Enquanto uma passagem para a São Paulo está custando, para o mesmo período citado, cerca de R$ 646, a viagem de ônibus fica em torno R$ 370 e leva pouco mais de 30h.

Para a capital federal, a diferença entre os valores é de 72%, com a duração da viagem em quase 20h. Mas, se resolver passar o feriadão em BH, vai gastar pouco mais de R$ 256 em uma passagem de ônibus contra R$ 498 em uma de avião. O tempo de viagem é de pouco mais de 17h.


A economia realizada foi o que fez o carpinteiro, Adeilson Oliveira, optar por viajar de ônibus a capital fluminense. Com passagem comprada para este sábado, ele garantiu que antes havia feito pesquisa em sites para poder se deslocar de avião. Mas o valor encontrado de R$ 690 o assustou.

“Estou indo para trabalhar e achei o valor muito pesado. Mas, mesmo com o tempo a mais de viagem, a gente ganha na economia, sem contar que, hoje em dia, os ônibus são mais espaçosos e tornam a viagem mais confortável”, disse ele que deve encarar pouco mais de 25 horas de viagem.
Serviços

Para aproveitar o momento e manter a clientela fiel, as empresas de ônibus têm apostado em variados serviços para tornar as viagens pelas rodovias menos desgastantes para os passageiros.

Além do ar condicionado e do banheiro, algumas delas oferecem serviços de bordo como água e cobertores aos viajantes para que eles possam ter uma noite tranquila de sono, sem contar o apoio para as pernas e a maior reclinação das cadeiras.


“Além disso, temos pontos de apoio onde fazemos paradas para que os passageiros possam almoçar ou tomar banho. A viagem se torna muito mais confortável”, disse Moniele Tavares, que trabalha como encarregada na empresa Gontijo, que faz linhas para São Paulo e Belo Horizonte. 

De acordo com ela, houve um aumento na procura pelas viagens de ônibus em 10%, mesmo que de forma recente. A expectativa dela é de que, com a proximidade das festas de fim de ano, esse número seja maior. “Quanto mais aumenta lá, melhor para gente aqui”, salientou.

A empresa Itapemirim, que roda para o Rio de Janeiro, foi outra que percebeu a elevação na procura e vê com bons olhos a chegada do período natalino e a virada do ano, assim como a Real Expresso, que vai até Brasília.

Pensando em viajar para ver a família na capital federal, a analista de informática, Dulce Ramos, já sabe de que forma pretende chegar à cidade que fica a mais de 1.400 quilômetros de distância de Salvador. “À medida que o final do ano chega, viajar de avião fica muito mais caro. É mais cansativo ir de ônibus, mas, agora, compensa”, falou.

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