quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Mossoró: Serviço de transporte público continua funcionando, mas com número reduzido

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Mossoró (SINTROM), onze ônibus circularam ontem na cidade, 60% dos motoristas não compareceram ao trabalho.

Populares permaneceram nos pontos de espera para aguardar ônibus que estavam em circulação – Foto Wilson Moreno
Populares permaneceram nos pontos de espera para aguardar ônibus que estavam em circulação – Foto Wilson Moreno
Os transtornos continuam no transporte público de Mossoró. Ontem, 23, mais uma vez, motoristas deixaram de trabalhar por falta de pagamento de salário. Diferentemente da semana passada, o serviço de transporte coletivo continuou funcionando, mas com um número menor de veículos. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Mossoró (SINTROM), onze ônibus circularam ontem na cidade, 60% dos motoristas não compareceram ao trabalho.
Ainda de acordo com o sindicato, dez linhas foram retiradas definitivamente nos últimos dias porque estavam sendo deficitárias, entre elas, Santo Antônio e Bom Jesus, e em outras o número de veículos diminuiu. Nas linhas do Sumaré e Doze Anos, pelo menos um veículo foi retirado em cada uma. Desde que a nova empresa começou a operar na cidade, dos 35 ônibus prometidos, o sindicato afirma que, no máximo, 21 chegaram a circular.
Com a diminuição de linhas, 13 motoristas foram demitidos e devido ao atraso no pagamento, outros pediram demissão e a devolução da carteira de trabalho. “Na quarta (da semana passada) mais seis pediram demissão e que devolvessem a carteira de trabalho para terem direito a dar entrada no seguro-desemprego”, diz o presidente do Sindicato, Francisco de Assis de Medeiros.
A empresa Ocimar Transportes opera na cidade desde o dia 1º de julho, pouco mais de dois meses e meio, e segundo informações do presidente do sindicato, durante esse tempo, apenas um mês de trabalho foi pago aos funcionários. “Só pagou um mês. Nós não somos mensalistas, somos quinzenalistas”, ressalta Francisco de Assis.
Mas os problemas envolvendo o transporte coletivo de passageiros não são recentes, como lembra o sindicalista. “Não é culpa do prefeito, mas dos prefeitos desde 1989. A medida foi antipática, mas o problema não foi do prefeito, que já pegou o barco andando”, considera.
Francisco de Assis lembra que a cidade já possuiu empresa de ônibus operando com mais de 50 veículos, porém, devido à falta de estrutura da própria cidade, ruas não asfaltadas, buracos nas vias, abrigo de passageiros desestruturados, aos poucos as empresas foram quebrando e o serviço ficando deficitário.
Ao todo, de acordo com o sindicato, oito empresas operaram o transporte coletivo urbano na cidade, e quebraram. O temor é que a situação fique ainda pior. “Se nada for feito, vai ficar pior do que os outros”, afirma o presidente do sindicato.
Além da falta de estrutura, Francisco de Assis ressalta que o trabalho dos táxis-lotação prejudica o transporte coletivo, porque eles pegam os passageiros nas paradas dos ônibus e ainda fazem a linha dos coletivos. Mas ele afirma que o trabalho dos mototaxistas e táxis de outras cidades não prejudica o transporte coletivo da cidade.
Outro problema para o transporte da cidade, apontado por Francisco de Assis, é o grande número de gratuidades. “Em todo canto a gratuidade é para idosos a partir de 65 anos, aqui, baixaram para 63 e depois para 60 anos, para adequar ao Estatuto do Idoso. Quem segura o transporte público de Mossoró são os estudantes”, defende.
Redução de linhas prejudica usuários do sistema de transporte
Como parte dos motoristas continuou trabalhando, a população não sentiu os impactos da medida na mesma proporção da semana passada, quando todos os veículos pararam de circular, devido à paralisação da categoria. Mas os usuários do sistema já reclamavam dos efeitos provocados pela redução das linhas.
Maria Fernandes aguardava o transporte coletivo que faz a linha Vingt Rosado na parada, mas para chegar até o Centro teve que optar por outro tipo de transporte, já que a linha do Abolição não estava funcionando. “Ontem [terça-feira] à tarde eles já não estavam circulando, avisaram que iam para a garagem. Sem falar que não existe mais a linha Integração e a gente tem que pagar duas passagens.
Outra usuária de transporte coletivo, Regina Leani Marrocos, que mora no Santo Antonio, reclama que a linha para o bairro foi retirada. “Pra gente ir para a UERN, tem que vir pra cá (Centro) a pé ou pagar mototáxi e o Integração também não existe mais”, disse. Além disso, Regina reclama sobre a dificuldade para encontrar os tickets de meia passagem para estudante.
Francinete Francimar, do Liberdade I, diz que antes o coletivo que faz a linha para o bairro passava em locais que a nova rota não alcança. “As pessoas que precisam, os mais pobres, é que são prejudicados”, afirma.
Empresa
A reportagem da GAZETA DO OESTE tentou contato telefônico com o responsável pela empresa Ocimar Transportes, José Lineudo de Lima, para saber mais informações, mas as ligações não foram atendidas.
Na semana passada, para finalizar a paralisação, Lima fez um acordo com os motoristas e prometeu pagar os salários atrasados até a terça-feira passada, 22, e entregar as carteiras assinadas.

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