Anunciada no início do mês pela Prefeitura, a implantação da Zona Azul
quer dar rotatividade às vagas do Centro, numa tentativa de aliviar um
problema inevitavelmente crônico. Mas, para isso, deve lançar mão de uma
polêmica: a ideia é que donos e funcionários de lojas comecem a usar o transporte público. Isso porque, na avaliação de consultorias, são essas pessoas que ocupam quase todas as vagas logo nas primeiras horas do dia.
Chalejandro Pontes, subsecretário de Trânsito e Transporte explica: “A
ideia é justamente esta: tirar os donos e funcionários das lojas das
vagas do Centro. O que a gente quer é que eles migrem do carro para o
transporte público. Até porque a zona azul não é para todas as vagas”.
A proposta divide opiniões. “Ônibus não tem. Então, a gente vai fazer o
quê, vem a pé, é isso?”, critica Katiana Maia, gerente de um
estabelecimento no Centro. Sua loja reproduz um comportamento quase
idêntico em diversas outras ao redor da praça Rodolfo Fernandes:
gerentes e proprietários vão trabalhar
de carro, carona ou táxi; e quase todos os funcionários têm uma motocicleta, para evitar uso de ônibus.
Os lojistas não têm consenso ainda sobre os possíveis benefícios da zona
azul – muitos ainda desconheciam o projeto. Os prejuízos da falta de
estacionamento são certos, mas muitos reclamam que usar o transporte
coletivo é inviável.
Leonardo Cardoso, um dos raros gerentes já alinhados com a proposta, apoia o projeto da Prefeitura. Líder de uma grande loja instalada no Centro, ele opta por deixar o carro em casa para ir trabalhar
. Reproduz em Mossoró uma experiência que adquiriu na cidade de São Paulo, onde morou por 17 anos.
“Lá, não existe estacionamento gratuito
como aqui. Eu chegava a gastar R$ 230 por mês para estacionar meu
carro, até porque o estacionamento da loja em que eu trabalhava era só
para cliente. Então, ou eu ia de transporte público ou não ia”, relata.
Mesmo porque, para ele, devido a todas as dificuldades que o Centro
oferece, os clientes fugiriam do comércio dali se o transporte público
funcionasse a contento. “Todo mundo ia para o shopping”, acredita. Por
isso, ele opina que lojistas e funcionários têm de tomar à frente em
iniciativas como essa: “Para ter seu emprego, você precisa de cliente.
Sem estacionamento, eles não vêm. Então, você prefere ir trabalhar
de carro ou ter seu emprego?”.
Fonte: Jornal de Fato

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