Só
falta a prefeita de Natal, Micarla de Sousa (PV), admitir que o
município não tem condições de pagar as contrapartidas e indenizações de
onze obras de mobilidade urbana para a Copa do Mundo de 2014. O Governo
do Estado, reiteradas vezes, já admitiu ter condições de tocar essas
obras. Na semana passada a governadora Rosalba Ciarlini (DEM), em um
programa de rádio, fez declarações sobre o assunto: "Se a prefeitura não
puder fazer suas obras de mobilidade, nós assumimos". Ontem, a
secretária estadual de infraestrutura, Kátia Pinto, confirmou que o
Governo do Estado tem técnicos capacitados e competência necessária para
arcar com as intervenções viárias sob responsabilidade da prefeitura,
além das cinco obras que já deverá executar nos próximos meses, conforme
estabelecido na Matriz de Responsabilidades do Mundial de futebol.
Em Brasília, os parlamentares potiguares que compõem a bancada do Estado
no Congresso Nacional também já se mostraram preocupados com o
andamento das obras viárias, que não saem do papel. Os deputados
Henrique Eduardo Alves (líder do PMDB), Felipe Maia (DEM), Fátima
Bezerra (PT) e os senadores Paulo Davim (PV) e José Agripino Maia (DEM)
sugeriram juntar esforços entre eles, o Ministério Público e a Caixa
Econômica Federal (CEF) para encontrar alternativas que acelerem o
processo - e que resultem em intervenções reais nas ruas da cidade, como
espera a população.
Apenas a petista Fátima Bezerra não defende a intervenção do Governo nas
responsabilidades do município. "A prefeitura deve cumprir o seu
papel", declarou ela ontem ao DN. Também em entrevista ao Diário, o
senador José Agripino Maia afirmou acreditar no gesto da prefeita
repassando as obras de mobilidade para o governo potiguar. "Se a
prefeita alegasse que não dispõe de condições para assumir esses
projetos, seria o caso de o governo executá-los. O que não pode é a
cidade de Natal arcar com os prejuízos", sentenciou.
Contudo, o governo não pode simplesmente pedir para executar os serviços
e ficar tudo por isso mesmo. Cada ente (União, Estado e Município)
assumiu compromissos após o anúncio de Natal como sede da Copa, em 2009.
Era a Matriz de Responsabilidades que, por causa do atraso no início
das obras, foi revista em setembro de 2011 e teve seu cronograma
alterado. A iniciativa de modificar essa matriz e "passar a bola" para o
Governo tem que partir do município. "Seja sob responsabilidade do
município ou do Estado, como gestores públicos que somos, temos prazo
para iniciar essas obras e também prazos para cumpri-las", declarou
Kátia Pinto. "Essa é uma decisão de governo. Se a governadora chegar
para mim e disser que nós tocaremos essas obras de mobilidade, a
Secretaria da Infraestrutura (SIN) tocará os projetos", garantiu. "Mas
até agora desconheço qualquer iniciativa formal da prefeitura nesse
sentido".
Kátia Pinto disse que tem acompanhado na imprensa e em conversas com o
secretário municipal de obras públicas, Sérgio Pinheiro - seu amigo
pessoal e colega de universidade - o desenrolar dos projetos tocados
pelo Executivo municipal. O projeto das obras do lote 1, que incluem
mudanças viárias no Complexo da Urbana, entre a Ponte de Igapó, passando
pelas avenidas Felizardo Moura, Industrial João Francisco da Mota,
BR-226 e Av. Cap.Mor Gouveia, foi enviado três vezes para a Caixa
Econômica Federal, financiadora dos recursos. Desde setembro do ano
passado a CEF recusa os projetos enviados pela prefeitura da capital,
alegando ausência de detalhes técnicos nas planilhas e no orçamento.
Esta semana o município prometeu reenviar o projeto para nova análise do
grupo de engenheiros do banco. Até ontem os documentos ainda não haviam
chegado à superintendência regional do banco.
Fonte: Diário de Natal
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